Eu pensava que cínico era, basicamente, um arrogante sarcástico e blasé. O hipócrita era mais simples: a pessoa que esconde as opiniões e sentimentos para evitar conflito ou angariar benesses. Dessas duas visões, perdoe-me, não vi nenhum mais importante que o outro *globalmente*. A hipocrisia é importante para manter a civilização, com seus alcances, estável, mas o cinismo é importante para dar o próximo passo. A hipocrisia sozinha manteria a humanidade no chão; o cinismo solitário faria o homem dar pulinhos de um metro por toda a eternidade.
Aí fui olhar no dicionário e vi que cínico quer dizer mais “imoral” que “sarcástico”, e passei a confiar menos no dicionário…
WTF? O Dr. Plausível propôs essa pergunta, e resolvi tentar responder….
Desde que li esse post em janeiro, estava ansioso para assistir Valsa com Bashir. Assim que foi lançado aqui em Brasília, assisti.
Poster de Valsa com Bashir
Valsa com Bashir, ou Waltz with Bashir, é um documentário, feito em desenho animado, sobre o Massacre de Sabra e Sharita (mais aqui). O filme foi escrito e dirigido pelo cineasta israelence Ari Folman. Em verdade, o documentário é em grande parte autobiográfico: Folman participou da Guerra do Líbano de 1982. Segundo o filme, Folman não tinha lembranças da guerra, e só percebera isso quando um ex-companheiro de caserna lhe conta um pesadelo sobre o confronto. Curioso sobre a razão do esquecimento, ainda que temendo o que possa descobrir, Folman procura lembrar-se do que de fato ocorreu, juntando diversos depoimentos. À medida que avança, relembra cenas da guerra e descobre horrores das batalhas – culminando com um maior conhecimento do que ocorreu nos campos de refugiados, e no papel que ele mesmo teve, passivamente, nos massacres.
O filme é esplêndido. O traço e as cores são realistas, mas sem os detalhes que abundam nas animações 3D. Nâo precisa deles: o estilo dos desenhos é expressivo. O ponto alto do filme é a trilha sonora. Não consigo lembrar de algum filme que tenha feito uma escolha tão certa de músicas. Uma das razões pelas quais o filme me fascinou desde que vi o trailer foi a combinação perfeita entre música – punk rock, música popular israelense – e desenho.
Devo dar um alerta, porém: o filme é um documentário. Embora ele tenha uma carga artística rara em documentários, a estrutura do filme é ainda descritiva. O enredo do filme, embora possua uma história central, não é contínuo: a história salta entre cenas de guerras, entrevistas, delírios e pesadelos etc. Então, não espere um filme de guerra na forma tradicional.
O fato de ser um documentário permitiu ao filme apresentar inúmeras histórias bastante interessantes. Além disso, as diversas entrevistas, altamente subjetivas, permitiram que o diretor apresentasse cenas desde já antológicas, como a cena inicial dos cachorros e a dança citada no título.
Politicamente, o filme chega a ser bastante tranquilo, considerando a intensidade do tema. Alguns comentaristas vêem no filme uma propaganda israelense, o que me parece exagerado. Outros vêem uma conspiração alemã para aliviar a culpa pelo Holocausto, devido a várias referências, polêmicas, a Auschwitz – o que é ainda mais bizarro. Eu, no geral, vi no filme uma confusão honesta de um homem tentando compreender seu passado. É mais ou menos a mesma sensação que tenho ao ler posts do Pedro Dória sobre Israel: a busca da conciliação entre a Israel democrática e pluralista e o Estado desumano com um povo fraco, às vezes além dos limites legais. Entretanto, Folman é mais intenso: ao mesmo tempo em que sua confiança em Israel é clara, inegável, ele não se poupa de apontar para o massacre apoiado pelas tropas israelenses. Embora Gideon Levy tenha visto no filme uma propaganda que mostra o “lado bom” do exército, eu não vejo condescendência do diretor para com as tropas, ou com o Estado: certamente é um filme condescendente, mas com os jovens militares. Entretanto, isso não evita que o filme plante a pergunta na mente do espectador: até que ponto o soldado é responsável?
Além desses questionamentos, me veio mais um à mente. Certamente o estado israelense teve participação nos massacres, o que é vergonhoso e deve ser denunciado… mas por que ninguém nunca relembra a culpa dos cristãos libaneses, mais especificamente os falangistas? Esta questão, porém, é complicada, é História e talvez ficasse desconexa no filme. Agora, é hora de pesquisar por mim mesmo.
Pois bem, falei demais, e o filme é muito mais interessante. Só posso recomendar que assista. Para sentir um pouco do gosto, eis abaixo o trailer que me convenceu automaticamente a vê-lo:
Clicando nesse link, você ouvirá uma curiosa e agradável música instrumental marroquina. Não se sabe quem toca a música, tampouco se vendem CDs dessa música. Estranho, não é? Para saber mais, visite o Diário da África.
A propósito, é impressão minha ou essa música lembra algum estilo musical brasileiro, ao menos de leve? Estou com essa sensação…
Oddee é um blog de curiosidades. Esses dias, fizeram um post sobre as prováveis quinze capas de discos mais horrendas. Entre as monstruosidades, havia um disco de um grupo chamado Fortran 5. Eu, que programo computadores e sei o que FORTRAN é, resolvi conferir como era a música desse grupo.
Pois bem, Fortran 5 é uma banda de pop eletrônico do início dos anos 90. O núcleo da banda são os músicos David Baker e Simon Lawrence Leonard, e em várias músicas há participações especiais. Baker e Leonard já trabalharam juntos antes, no grupo I Start Counting e continuam trabalhando até hoje, sob o nome de Komputer. Em verdade, me parece razoável dizer que Fortran 5 é I Start Counting com outro nome, assim como é o nome anterior de Komputer.
E não é que eles fizeram umas músicas legaizinhas? Confesso que não gostei muito do que fizeram quando eram I Start Counting, mas, como Fortran 5, eles fizeram músicas bem legais. Como Komputer, mudaram para uma veia ainda mais eletrônica, alternativa, meio Kraftwerk; ainda prefiro as músicas do Fortran 5, mas não posso dizer que Komputer é ruim.
Ficou curioso? Você pode conhecer mais sobre o grupo na página deles. Procurar por Fortran 5 no YouTube também é uma boa pedida. Eles também tem um canal no YouTube, com inúmeros videoclipes. Agora que já passei as referências, vamos à música, que é o que importa!
Time to Dream é minha música preferida dentre as deles. Pela popularidade na pesquisa do YouTube, não devo estar sozinho. É uma música meio romântica, bastante otimista, com uma letra feliz – embora, naturalmente, não tão feliz.
Love Baby é outra música que gosto bastante, e já é mais abstrata:
Por fim, uma música mais psicodélica – Persian Blues:
PS: eu só vim a conhecer Kraftwerk depois de pesquisar sobre Fortran 5. É a segunda vez que conheço uma banda conceituada através de uma outra, menor. A primeira vez foi quando descobri The Smiths atráves de The Housemartins. Curioso, não?
Esses dias, em uma lista de discussão, eu usei o termo “estadunidense” e alguém respondeu que só viu marxistas clássicos usarem a palavra. Como de vez em quando eu uso o termo aqui, vai aí um aviso: não, eu não sou marxista, comunista nem membro de DCE. Eu só uso a palavra porque é mais clara e específica.Também não vou discutir com ninguém que use os termos “norte-americano” ou “americano” para se referir aos cidadãos dos Estados Unidos.
A princípio, eu estava bem neutro. Obama tinha um discurso mais simpático e pacifista, mas McCain parecia bem mais experiente e favorável a latino-americanos, inclusive brasileiros. Depois que McCain escolheu Sarah Palin como sua vice-presidente, acabei preferindo mais Obama, embora eu ainda me sinta suspeitoso.
Hoje, provavelmente, Obama ganha. Isso seria bom por vários motivos: talvez os Estados Unidos se tornem menos belicosos, e, afinal, a alternância de poder é um bom valor. Provavelmente os Estados Unidos vão se tornar mais protecionistas, mas nada é perfeito. Se, como brasileiro, prefiro McCain, como estrangeiro e pacifista acho que Obama não seria má escolha, afinal.
No final, acho que tudo indica que, seja qual for o resultado, estaremos em um mundo melhor. McCain, felizmente, não é Bush, e se ganhar e fizer o favor de não morrer, poderia perfeitamente fazer um bom governo. Obama, por inexperiente que seja, traz novos ares, e parece favorecer mais o diálogo e menos a guerra; inclusive, propõe investir mais em problemas sérios, como a al-Qaeda no Afeganistão, ao invés de alimentar delírios, como atacar o Irã.
Bem, todos apostos? Peguem suas pipocas, assinem o feed do blog do Pedro Dória e se divirtam!
Esses dias, o Obivious, o melhor blog em língua portuguesa, escreveu um post uma curiosa banda brasileira: MegaRex.
Fotografia da banda
Formada por Conde Flavio di Marchesã, Marco Camarano e Paulinho Barizon, a banda é uma peça rara. Tocam rock com os instrumentos tradicionais (guitarra, bateria etc.) e acrescentam um violino; o som fica bastante original, lembrando a ousadia (mas não o estilo) do Chico Science. Não lhes falta talento para desenvolver as músicas, que são bastante animadas. Além disso, as letras são de um humor impagável, de alta qualidade.
O melhor, porém, é que o CD MegaRex está disponível gratuitamente no site. Curiosamente, no site há uma promoção bizarra na qual você pode ganhar, de verdade, um Fusca vermelho!
Minhas músicas preferidas são Misturada e El Fuca Vermejo No Mi Atropellará Jamás, que segue abaixo.
Vai lá no site deles dar uma espiada. Eu acredito que você se divertirá bastante.