saiu na Folha uma entrevista com o tenente-coronel Adilson Paes de Souza, atualmente na reserva da Polícia Militar de São Paulo. Após vinte e oito anos de trabalho na corporação e um mestrado sob orientação de Celso Lafer, o tenente-coronel vai lançar um livro sobre os desafios da segurança pública brasileira. Na entrevista, o autor dá uma prévia de suas ideias.
Eu gostei bastante da entrevista. Adilson sabe que nosso modelo de segurança está falido, e explica como muitos alunos-oficiais exemplares acabam se tornando assassinos truculentos. É uma falha sistêmica, em que o policial militar se vê em um ambiente onde o extermínio é uma ferramenta no combate ao crime – uma ferramenta deselegante, mas aceita por superiores. Gostei especialmente do ceticismo do autor quanto à tão aclamada desmilitarização da Polícia Militar, em que, julgo eu, se coloca tantas esperanças que se tornou um fetiche vazio de potencial. Simplesmente subordinar a PM, como diz Adilson, à Polícia Civil, ela mesma portadora de falhas graves, não será solução para nossos problemas.
Me incomodou um pouco a facilidade com que ele atribui as mazelas à mera falta de vontade política. Não me agrada este termo: é fácil esconder fatores importantes sob sua manta. Por outro lado, sua crítica pontual às Unidades de Polícia Pacificadora é bastante justa. Ainda acho que esse programa vai, cambaleando e tropeçando, no caminho certo, mas suas falhas, como na tragédia do Amarildo, são inaceitáveis e devem ser trazidas à luz.
Recomendo a leitura da entrevista, assim como o vídeo em que fala o entrevistado, abaixo. Dificilmente vou ler o livro – falta-me tempo para tudo! – mas tenho a impressão de que será um grande material para os interessados em segurança pública.
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