A partir dos anos 2000, a estética do VHS foi resgatada para evocar angústia. Filmes como The Blair Witch Project associaram sua imagem granulada a registros fictícios de eventos traumáticos. Em outros casos, o efeito era de voyeurismo: vislumbres de vidas privadas, momentos íntimos que não nos pertencem. Eram fitas familiares, mas de famílias que não reconhecíamos.
O vaporwave subverteu essa carga emocional. A imagem em VHS, antes sinônimo de medo ou invasão, passou a retratar espaços vazios e melancólicos — corredores de shoppings, salões iluminados, escadas rolantes em silêncio. Lugares estranhamente conhecidos. A tensão ainda existe, mas não há ameaça. Em vez disso, emerge uma nostalgia suave. Nossos pais estavam ali. Nós também.
O que começou como um movimento estético irônico acabou reativando uma sensação adormecida: o encantamento infantil diante do novo. Como entrar num shopping pela primeira vez e achar tudo imenso, misterioso, cheio de possibilidades. Uma emoção que pensávamos perdida, reencontrada por entre faixas de fita magnética e ruídos analógicos.
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