Penei mas consegui ler o tão comentado artigo do Marcos Lisboa e da Zeina Latif. Li a versão mais extensa que estava rodando por aí, mas o Mansueto nos informou que há uma versão mais nova, revisada e mais sucinta. Não creio que tenha mudado muito, porém.
Como leigo, leio essas coisas mais para moldar um conhecimento básico que para ter opinião. Ainda assim, digo que o artigo é bom. Como introdução à cultura de rent-seeking no Brasil, é até melhor que o livro do Marcos Nobre sobre os protestos. Me pergunto se o artigo padece do mesmo problema de ser meio repetitivo para quem conhece o tema, mas acho que não é: primeiro, porque os rascunhos já estavam andando de mão em mão há algum tempo; segundo, porque o propósito do artigo é explicar a tese do nacional-desenvolvimentismo, ao contrário do livro, que a explanava embora não fosse o tema principal. Mesmo que fosse o caso, o artigo deve ser muito bem-vindo para estrangeiros, posto que escrito em inglês. Não me surpreenderia se houvesse menos referências em inglês sobre o tema, especialmente tão sucintas e claras.
Dito isto, houve uns pontos que me confundiram. Em especial, o índice Political System que eles usam me pareceu estranho: contar o número de chefes de Estado e de partidos no poder nos últimos 13 anos é realmente uma métrica tão boa de democracia? Digo isso porque esperaria que contassem em um período mais longo, talvez, e essa métrica seria esquisita e.g. nos Estados Unidos. Esses são parâmetros universalmente usados? Provavelmente eu perdi algum aspecto do texto e estou falando besteira; se for o caso, podem me xingar muito no Twitter ou nos comentários.
As duas soluções propostas ao final – uma agência bem equipada para explicitar os custos de privilégios e a forçosa passagem de todos os benefícios pelo orçamento – são atrativas, mas precisam de um desenvolvimento político melhor. Afinal, uma solução que não pode ser implementada não é solução. Espero ver mais debates sobre essas possibilidades, eventualmente até projetos de leis, mas não vou apostar nisso por agora. Se souberem de algo, me avisem!
O legal do artigo, afinal, é o panorama histórico. Os autores foram bem claros e agradáveis de ler, e até onde senti parecem bem rigorosos. Para quem quer melhorar seu background sobre a história recente do Brasil – algo que muitos de nós ignoramos um tantinho – recomendo a leitura.
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