Sites libertários bons

Os libertários estão crescendo! É compreensível (especialmente para mim, que também tive minha fase libertária), dado que o libertarianismo propõe repostas simples e concisas a vários problemas atuais. Como já temos doze anos de governos de esquerda tradicional, e como todo mundo no Brasil adora ser oposição, esta realmente é a hora dos libertários.

Infelizmente, porém, o conteúdo que os libertários que consomem e produzem é horrendo – ao menos entre meus amigos libertários. Os mais esclarecidos ainda estão no nível randiano de argumentação.* No pior dos casos, simplesmente contradizem o próprio libertarianismo: defendem regimes de exceção, clamam por ditaduras, sonham com militarização, pedem limitação de liberdades negativas de minorias, aspiram pela pena de morte.

Amigos libertários, não precisa ser assim. Ao contrário: o debate no Brasil ficaria muito rico se o libertarianismo fosse apresentado decentemente. Para isto, porém, é preciso consumir o libertarianismo bom, não as estultices do Facebook. E, mesmo que eu discorde deles, não faltam libertários inteligentes! De cabeça, posso citar:

Tyler Cowen de terno

Esse cara simpaticão aí é o Tyler Cowen

  • Marginal REVOLUTION: o economista Tyler Cowen mantém este delicioso blog. Cowen se classifica como um “barganhador libertário”: alguém que, não sendo radical, tenta influenciar políticas públicas do mundo real de maneira a torná-las mais libertárias. Assim, a abordagem de Cowen é bem mais plausível e convincente que as ideias libertárias mais toscas. Ademais, o blog é uma excelente referência em economia, Cowen é divertido de ler e sempre há algumas curiosidades econômicas fascinantes.
  • Bleeding Heart Libertarians: provando que se pode ser libertário sem ser arbitrário ou abrutalhado, os autores exploram as mais variadas questões levando em consideração nossa realidade, em que existem o Leviatã e as injustiças. Como o libertário deve se posicionar ante este mundo? Os blogueiros procuram respostas, em situações especificas, através de argumentos elegantes e sofisticados. Em minha opinião, por vezes são um tanto abstratos, mas mesmo assim têm muito mais pés-no-chão que os delírios que alguns amigos queridos compartilham. Recomendo em especial este post, em que Jacob Levy, ao apresentar a proposta do site, explora muitos dilemas e questões morais de maneira estelar.
  • Mercado Popular: fontes brasileiras boas são raras, mas felizmente temos exceções como este blog. Minha mais recente descoberta, este blog é a prova de que se pode ser incisivo e confrontador sem ser grosseiro: seus artigos são fortes e inequívocos, mas bem fundamentados, honestos, instrutivos e, ainda assim, educados. Confesso que com nunca vi um site brasileiro sobre libertarianismo tão bom.** Em especial, dê uma olhada no manifesto do site.

Estes são só alguns dos exemplos de fontes libertárias boas, certamente há muito mais (a revista Reason, por exemplo). O importante é que há alternativas às bobageiras que, no final, apenas mancham a imagem do libertarianismo. Não queime seu próprio filme, amigo libertário! Mostre que suas ideias podem ser realistas e humanas. Não faltarão autores que o ajude nesta empreitada – basta lê-los.

* Não digo que ler Ayn Rand seja absolutamente ruim. É uma autora que instila curiosidade sobre liberalismo, política e filosofia, e assim levam muitos a dar um importante primeiro passo intelectual. Entretanto, suas ideias são tão surrealistas e dogmáticas que não se sustentam. Não é uma boa base para discutir o mundo real. Levar Ayn Rand a sério demais é como levar Eduardo Galeano a sério demais.

** Há sites liberais bons (eu gosto bastante do Ordem Livre) mas sites libertários bons são bem mais raros.

 

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