Bandeiras de mobilização e botões vermelhos

É melhor trabalhar numa organização hierarquizada, top-down, ou numa mais solta, bottom-up? Depois de alguns anos, aprendi que ambos os estilos têm vantagens e desvantagens, funcionam e podem ser igualmente agradáveis.

Naturalmente, em ambos os estilos, a boa liderança depende de uma miríade de fatores. Como contribuidor individual, porém, notei duas atitudes de meus superiores que fazem uma diferença especial.

Nas organizações bottom-up é bem comum contratar pessoas competentes e deixá-las fazer sua mágica. Nesses cenários, sempre me ajudou muito o líder desenhar bem a missão. Não é definir o que vai ser feito, mas sim objetivos concretos com o qual podemos nos conectar. Sem isso, o subordinado pode se perder em tarefas irrelevantes. Já aconteceu muito comigo: dediquei muito esforço a bugs mínimos.

Isso é algo que tende a não acontecer em ambientes hierarquizados. Mesmo que nos dediquemos a algo irrelevante, a “culpa” não será nossa. Por isso mesmo, porém, frequentemente recebemos instruções francamente perigosas. Eu lembro de uma funcionalidade que me solicitaram. Eu sabia claramente como fazer — já tinha feito muitas similares — mas meu chefe me ordenou outra abordagem. Soube que, anos depois, após perdas de dados e duas reescritas, fizeram exatamente o que eu faria no primeiro dia.

Enfim, se você for dar liberdade, dê também uma missão clara, uma bandeira de mobilização que nos guie e nos inspire a tentar. Se for dar instruções rigidamente, disponibilize um botão vermelho para alertas que venham de baixo. Liderança vai além disso, mas essas duas atitudes já ajudam bastante.

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